Renata Valieri, uma jovem Mametu - Por Cintia Cordeito TV Globo

Renata Valieri, uma jovem Mametu

Sob roupas e acessórios típicos da religião de origem africana, mãe Renata D´Iansã tem uma história marcada pela força espiritual e respeito à Umbanda.

Jovem, loira, de pele e olhos claros, Renata Valieri está fora de qualquer padrão físico das tradicionais características de uma mãe de santo, se levada em consideração o mito que dona de terreiro tem que ser uma senhora e negra. A Mametu (Termo usado para mães na nação de angola) chama atenção por sua beleza e pela pouca idade física, mas com muito trabalho, quebra todos os paradigmas quando o assunto é religião e responsabilidade. Ela desafia os seus 30 anos e comanda um dos terreiros mais respeitados de São Paulo. Renata é filha carnal e espiritual do Pai Edson D´Oxóssi. Nascida em 24 de Fevereiro, em São Paulo, Renata tem seus pais como exemplo de vida e base primordial em sua trajetória espiritual.

De uma personalidade doce e ao mesmo tempo firme, mãe Renata D´Iansã, a sacerdotisa e líder religiosa do terreiro Ilê Asé Oyá Egunitá, iniciada na religião há 16 anos e há sete abriu a porta de seu terreiro, atualmente localizado na zona norte de São Paulo. Tão jovem, a mãe, que está sempre com um sorriso estampado no rosto, transmite o respeito e orgulho que tem de pertencer à Umbanda. “Desta Umbanda jamais posso abrir mão, é a minha origem, por isso a agreguei aos meus conhecimentos de Nação Angola e desenvolvi um ritual em meu Acanzalê (roça, casa de axé), conhecido como Umbanda de Angola onde reverencio os Inkises (Orixás) e os Catiços (entidades) dentro da Umbanda”, explica Mãe Renata.

Mãe Renata D´Iansã, mãe por devoção é umas das sacerdotisas mais jovens do Estado de São Paulo. Como todos os preceitos da religião, os Orixás determinam que haja respeito e, sobretudo, responsabilidade com a relação entre mães e filhos de santo. Mãe Renata exerce com amor e sabedoria a missão de cuidar de cada filho, que hoje são (55) sob seu rebento. “Zelo pela saúde espiritual e mental da minha casa. Pelo bom relacionamento a base de respeito e compromisso dos meus filhos. No meu Acanzalê, idade não é posto, não diferimos as pessoas pela sua raça, cor, etnias ou crenças. Entendemos que tudo é válido quando se leva a Zambi”, diz a Mametu.

Em seu Asé, mãe Renata joga búzios e faz trabalhos como oferendas a orixás, limpezas espirituais e iniciações através do desenvolvimento mediúnico. “Sou uma Mametu (mãe) de muita gana, força, determinação, raça e de um conhecimento considerável dentro da Umbanda. Porém, sempre buscando aprimorar e melhorar meus conhecimentos dentro da religião. Dedicação e devoção fazem parte da minha essência”, mãe Renata fala com orgulho.


O terreiro é chamado de Ilê Asé Oyá Egunitá recebeu esse nome em homenagem e reverência a qualidade de Iansã que Renata carrega em seu Orí (cabeça). E assim como mãe Renata recebe de seus pais os ensinamentos de vida, ela propaga todo seu conhecimento e princípios na íntegra á sua comunidade religiosa. “Transformamos a Casa de Asé em cultura, ampliamos o espaço com dias de aprendizado, para ensinar aos filhos que desejam aprender. Não guardamos conhecimento, e sim compartilhamos dele como forma de manter viva a nossa tradição religiosa”, mãe Renata.

Engajada em fazer justiça através da espiritualidade, mãe Renata atua em muitas causas sociais como a luta contra qualquer forma de discriminação e contra a intolerância religiosa, zelo pela religião e saúde, amor e respeito ao próximo, cultura da paz e harmonia, acesso à educação e conhecimento, movimento de diálogo inter-religioso e direitos humanos. “O Ilê Asé Oyá Egunitá, é uma casa de Asé que abre portas a quem deseja zelar pelo Orixá, com amor, fé, dedicação e comprometimento. Trabalhamos em prol do resgate à vontade espiritual, ao equilíbrio e a plenitude de se viver diante de todos os desafios que a vida nos traz”, finaliza Mãe Renata D´Iansã.

Por Cintia Cordeiro / Jornalista e Atriz da TV Globo.