quinta-feira, março 27, 2014

Divindades Bantu Grupos e Qualidades

M'KANDA - Documento

Divindades Bantu Grupos e Qualidades

Por Nganga-Nkisi Kafuleji, Ndanji Kazenze, Rj
nkisi
Como Divindades popularmente conhecidas Dentro co Candomblé Congo-Angola São:

Nkisi / / Mukíxi:

Pambu-Nzila - Nkosi - Ngúnzu - Katende - Nzazi - Nsumbu - Kavúngu - Kitémbu - Zumba - Hongolô - Karamôsi - Hongoloméa - Nzingalumbóndu - Kaiángo - Nvúnji - Telekumpénsu - Ndanda-Nlúnda - Kuku'etu - Lembá - Lundúngu - Nzambi.
De CADA UMA dessas divindades (com exeção de Nzambi) origina-se o Hamba:  (Parentes, UO divindades pertencentes AO CLA), e estes, OS Mahamba (plural de Hamba), PODEM serviços los ATÉ 21 de Cada Nkisi, totalizando los MÉDIA 420 divindades, Entre OUTRAS divindades Opaco Localidade: Não São de iniciação, e sim de Culto. (Em MÉDIA 120), somando hum total de de 540 divindades cultuadas Opaco PODEM serviços Dentro fazer Candomblé Bantu empreendedorismo como divindades conhecidas Dentro fazer Candomblé Congo-Angola,
PODEMOS CITAR:
Pungu Wanga - Kobayendê - Nkita Kiamasa - Pungu Kasímba - Nkuyo - Waritámba - Lugámbe - Nkita Kuna - Lukankázi - Ngonga - Kalungangómbe - Wacihóngo - Yombe - Ngamba - Funza - Kasumbenká - Honji - Dinyanga - Huhí - Nkóndi-Kimalauêzu - Muene Kongo - Mukíta Suku - Ngénji-Musúnda Nganga - Mbangéla Diá Ngombo - hitu - Kamukangê - Nganga Senda - Dijila IA Solongóngo - Nkukualúnga - Nzambi Mpungu - Búnzi - Nzambirá Apongá - Ndala Karitána - Dikulundúndu - Kibala Muíji - Ngombo - Kitéri - Nkongo Kilúxi - Katu Meandaerá - Ne Kalunga - Lumbi - Na Matfú - KALALA Ilunga - Kobo - Tshibínda Ilunga - Waphwo - Lueji - Mbumba - Kozo - Samba Nzúndu - Mina Ngánji - Lulémbu - Mboko - Kalulu - Kibúnji - Nkumba - Mina Lugándo - Samba Ní Nambuá - Kianda - Mutanjinjí - Kisanga - Kongo dia Mbanda - Ntoto - Samba Ngola - Entre Tantas OUTRAS ...

- Algumas Divindades de Iniciação

- Nzila:

Grupo Familiar: Usúmba.
Aluvaiá - Pavenã - Mbépereketé - Panjíra - Mavilutángu - Sinzamunzíla - Kunkulunguánje - Bionatã - Maluzibángo - Kijanjá - Mavámbu.

- Nkosi:

Grupo Familiar: Njángo.
Minikongo - Hôxi - Gongo Mugóngo - ONG - Mukumbe - Xaue - Mugomesá - Nange - Kitaguáze - Mavalutángo - Bure - Katembo Rukóngo - Alunda - Narue - Jamba - Avángo - Kitongo - Maiádi.

- Ngúnzu:

Grupo Familiar: Mukongo.
Tawamí - Kabila - Mutalambô - Okitalandê - Kitálamugongo - Balanguánje - Kaitímba - Mutakalámbo - Gongojá - Kewála - Sibalaé - Nkongombíla - Banxí.

- Katende:

Grupo Familiar: Kitangána.
Kaiti - Mpánzu - Luximó - Apoka - Lundimbánda - Amokúi - Pondo Etango - Koroposú - Mbambúti.

- Nzazi:

Grupo Familiar: Kilumínu.
Zambará - Kambalanguánji - Luango - Mabémbo - Katubelanguánje - Kuámbo - Zambeze - Kiasubangángo - Minanguánje - Kitalángo - Mbataranguánje - Luvángo - Kibuko - Utalanguánji - Dondojô.

- Nsumbu:

Grupo Familiar: Kulámba.
Kanjanja - Katulê - Apanángo - Kafunjê - Belanguánje - Vungána - Kingóngo - Iúngo - Kavúngo - Takubenanguánji - Siéngo - Uámbo - Ajubelúnje - Kualavángu - Kafundejí.

- Kitémbu:

Grupo Familiar: Igóndo.
Pagauô - Kavurerê - Diambangánga - Lundimbánda - Kukêti - Kindémbo.

- Zumba:

Grupo Familiar: kitabu.
Mbalámbo Gunza - Kambambe - Bejerundá - Karnajetú - Malúnda - Takulandá - Sibúke - Jejesú - Kambalandá - Karana.

- Hongolô:

Grupo Familiar: Ndala. (Masculino)  Indala. (Feminino)
Ordándo - Nkónda - Hongoloméa - Sepembédza.

- Nzingalumbóndu:

Grupo Familiar: INTA.
Kuingánga.

- Karamôsi:

Grupo Familiar: ISU.
Abasulémi.

- Kaiángo:

Grupo Familiar: Mulénje.
Matamba - Inda Kalú - Kibiambia - Abasulémi - Mbana Katámba - Jonjurê - Nvanjú - ISA Mitoní - Ngurusemanvúla - Mbambuluséma - Gunga Kabôlo - ISA Sitámba.

- Nvúnji:

Grupo Familiar: Kisángo.
Ngongo - Kauele - Golungolóni - Kafulú - Maionbezô - Mwana Pasa.

- Telekumpénsu:

Grupo Familiar: Tatánge.
Kisámbo - Mukuzambê - Gongobira.

- Ndandalúnda:

Grupo Familiar: Njijí.
Vinsí - Kitolomí - Ndanda Belé - Kisímbi - Lundamundíla - Ndanda Simbe - Nisalúnda - Mamangola - Ndanda Zua - Ndandaewára -  Ndanda Dila - Apunké.

- Kukuetu:

Grupo Familiar: Kinzángu.
Mboto - Samba Kalunga - Zinza - Kaitumbá - Kasinga - Aiuká - Ventési - Kaia - MBA Kuanza - Bonigú - Ngamikáia - Kaiála.

- Lembadiangánga:

Grupo Familiar: Kingónji.
Jakatámba - Nkasuté - Hemakalúnga - Migangã - Lembá - Gangaiumbánda - Malembá - Kibositála - Mikusá - Lundúngu - Kitángu - Jafuráma.

O Proposito das Mascaras



À propósito das máscaras

A  arte primitiva africana não deixa ninguém indiferente, porque ela provoca no observador um largo espectro de emoções, além da serenidade, do maravilhamento, seguido de uma sensação indecifrável, de atração e de perplexidade. Está arte é a fonte da humanidade e permanece imutável através dos tempos apesar das vicissitudes por que tem passado o continente africano. Sua mensagem se inscreve na universalidade.



Cada máscara é um livro de magia aberto que fascina, que suscita a curiosidade, pois que nos convida a decifrar para descobrir de capítulo em capítulo a mensagem revelada. O escultor africano não tem o mesmo desejo que o escultor contemporâneo que sente necessidade de colocar sua assinatura na obra. Na África, a obra de arte não é propriedade de um escultor, mas é a expressão de uma etnia, de um povo e da divindade que utiliza a mão do artista para nela pousar sua essência espiritual num objeto profano.
Se o continente africano abriga uma grande variedade de cultura onde cada uma se caracteriza por sua linguagem, suas tradições e suas formas artísticas, a arte africana no seu conjunto, engloba e abraça por sua vez a história, a filosofia, a espiritualidade e os mitos. Ela traz consigo a alma de todo o continente. A arte africana não visa à representação, a imitação ou a figuração, mas a significação, o simbólico. Ela transgride a forma em proveito de seu conteúdo, de seu sentido ou o que ela exprime. A beleza desta arte vem de sua especificidade, uma estética do domínio do indizível, do domínio do re-sentimento, da sensação do  choque que ela provoca.
A arte africana desperta primeiramente a função mais que a  forma particularmente em certas etnias africanas. Com efeito, desperta a própria vida e suas manifestações, sobretudo por uma concepção mística e unificadora do mundo. Também, a beleza não é jamais almejada por ela mesma.  Há uma preocupação fundamental de ligar o pensamento religioso e o objeto encarregado de exprimi-lo ou de servi-lo. Esses objetos são feitos por artistas que se colocam a serviço do culto dos ancestrais. Não se pode separar o valor plástico da obra de seu contexto social ou religioso. O papel último dessas obras é de mostrar nelas o invisível.
A máscara africana é vista, muitas vezes, pelos ocidentais, com olhares cheios de idéias preconcebidas e de julgamentos prévios. Ela não é um acessório de teatro nem um objeto de arte decorativa e menos ainda um acessório de feitiçaria. É, sobretudo um ser sagrado que utiliza-se do suporte material do homem, considerado então como um guardião, para aparecer e se exprimir. Ela não representa um ser: ela é um ser.
AS MÁSCARAS SAGRADAS representam uma divindade, uma força vital. Elas detêm os poderes religiosos. Elas exercem uma ação propiciatória ao trazer forças vitais benéficas (gênios, deuses secundários) que são os intercessores entre os homens e um deus difuso no universo. Elas exprimem a majestade, a sabedoria, o mistério das forças sobrenaturais que as animam. Elas são encarregadas de mostrar o invisível aos olhos humanos. Elas afastam as forças vitais do mal, elas protegem os homens das forças maléficas. Elas intervêm nas cerimônias: ritos de passagem, purificação, sacrifícios, iniciações, conjurações...elas desempenham um papel essencial no restabelecimento da ordem social. Elas representam os ancestrais e Deus, elas são boas e justas. Elas punem aqueles que trazem a desordem e a insegurança. Elas funcionam com o juízes supremos. Elas detêm os poderes jurídicos. Elas julgam os litígios, os problemas de família, dos clãs, das tribos. Estas máscaras só saem em acontecimentos importantes ou são guardadas em recipientes privados e sagrados.
AS MÁSCARAS PROFANAS são representadas por uma multitude de máscaras que se produzem em momentos de festa e divertimentos. Sobre as máscaras de divertimentos diríamos que elas representam os ancestrais do clã da família, visando a atrair a alma do ancestral e capitalizar sua essência vital. Imortais, eles, os ancestrais são os depositários de um patrimônio cultural. São quem contam as histórias, são a memória do povo. Eles formam uma sociedade hierarquizada, a máscara sagrada é acompanhada por uma plêiade de outras máscaras. Há a máscara guerreira encarregada da conquista e da defesa do território. Ela acompanha a máscara sagrada porque se trata de fazer a justiça em caso de perda. Por ocasião das festas ela é encarregada de supervisionar o comportamento de cada um para detectar os maus elementos. Há a máscara griot, que é companhia fiel da máscara sagrada. O griot é um cantor solitário. Ele louva a máscara sagrada. É também um espião, pois ele escuta, observa, e conta o que viu para a máscara sagrada. Ele influencia  a máscara sagrada a ser mais clemente. Ele é também o cantor e historiador genealogista. Ele pode também dançar e é animador de todas as festas. Ele é indispensável para participar de acontecimentos como funerais. É um virtuoso da dança, pleno de vitalidade. Seguidamente é acompanhado do mascarado cantor. É enfim, o mascarado mediador:ele está presente em todos os níveis da hierarquia. Deve ser iniciado na arte da dança, do canto, da guerra. Ele distrai todo mundo com suas galanterias e seus ditos engraçados. Ele vai de casa em casa pedir alimentos. O portador da máscara deve ser sempre iniciado, sua identidade é sempre desconhecida, sua personalidade se desfaz completamente, pois ele é somente o suporte humano para que a máscara se torne acessível aos homens.
A máscara é um vetor essencial de reivindicação de uma identidade local, geralmente um benfeitor mítico da comunidade. Ele rege as coletividades, e completa uma função religiosa, política, econômica, histórica e terapêutica.
FUNÇÃO RELIGIOSA porque assegura a mediação entre deus, os ancestrais e os homens. Aparece nos ritos de passagem. É a protetora contra os espíritos maléficos. Muitas categorias de máscaras lutam ativamente contra a feitiçaria que é o principal agente de todos os males, das doenças e sofrimentos possíveis. O espírito associado ao mascarado possui a faculdade de detectar feiticeiros e os caçar. Essa função é dupla, pois vem acompanhada de uma ação punitiva, da erradicação do mal. Após a intervenção mascarada, os culpados caem doentes e podem morrer se não repararem suas faltas através de compensações, normalmente em forma de sacrifícios importantes.  Em certos casos, o portador da máscara já é escolhido por sua capacidade de dupla visão e assim pode descobrir os agentes do mal. O espírito da máscara é utilizado para determinar a punição adequada.
FUNÇÃO POLÍTICA porque a mascara garante a hierarquia social. Instância suprema para o regulamento de todos os problemas que podem vir a acontecer na comunidade. Ela faz respeitar a ordem e a justiça e intervêm em todas as decisões vitais. Como a máscara fala, ninguém pode contradizê-la. Suas decisões são inapeláveis. Os homens de poder (reis, chefes e outros dignatários) tem necessidade de garantir seu domínio e de o consolidar, por isso a ajuda das forças sobrenaturais é sempre bem vinda e nesse quadro as aparições dos mascarados correspondem a intervenção impressionante que os dirigentes tanto prezam.
Nada pode manter a população à distância dada à crença e o respeito que as populações tem pela máscara e o mascarado.

FUNÇÃO SOCIAL porque mantêm a harmonia da comunidade e assegura a perenidade do saber. Assegura os laços entre os ancestrais e os vivos e traz para a vila as bênçãos dos ancestrais. As máscaras assumem regularmente o papel de policiais locais e supervisionam, dão o alerta, julgam e punem os malfeitores. A vantagem dos mascarados é que ao aplicar as punições isso é feito dentro de um total anonimato para o mascarado. Também é necessário atentar para  verificar possíveis abusos por parte do mascarado que deve sempre agir com total senso de justiça. Para isso, ele, o mascarado está sempre também sobre a vigilância dos dirigentes políticos.
FUNÇÃO CULTURAL E EDUCATIVA porque as máscaras são depositárias da cultura de uma etnia. Os homens se sucedem, os povos desaparecem, a sociedade evolui, mas a máscara permanece após sua criação até o término de suas muitas mutações. Ela é a memória que permanece e que conta a evolução do povo. As máscaras transmitem um saber, ensinamento de linhas de conduta, aconselha e influencia. Elas representam os modelos admiráveis a seguir e dos quais os homens devem se aproximar. Elas concentram a ética de uma sociedade, sublinham as coisas importantes dessa sociedade, a serem seguidas ou evitadas. Na sua utilização elas veiculam numerosas mensagens dirigidas a todos, ou ao contrário, a um público reservado.

FUNÇÃO DE INICIAÇÃO porque os segredos ligados a sua existência fazem parte dos ensinamentos ministrados aos jovens iniciados. As sociedades secretas, na maioria masculinos, chamam os mascarados no decurso de seus rituais específicos. Alguns deles compreendem numerosos graus de acesso e são regidos por ciclos iniciáticos. Tornam-se assim possuidores de conhecimentos esotéricos que permitem a manipulação e o controle dos não iniciados.

FUNÇÃO FUNERÁRIA porque a intervenção das máscaras tem sobretudo um papel purificador. A morte introduz uma forma de desequilíbrio na sociedade, e isso é como uma mancha que deve ser lavada. As máscaras procuram a alma do defunto para a conduzir ao reino dos espíritos a partir do qual ele poderá se transformar em força vital e beneficiar seus descendentes.
Estas obras satisfazem o senso estético, mas vão além do senso estético, pois fornecem a visão de infinito espiritual, a beleza ou o terror. A máscara pode ser eficaz no sentido positivo ou terrorífica, mas sempre sagrada. A forma estabelece não mais que um jogo de forças secretas, de energias vitais. O estudo estético dessas máscaras variadas revela um interesse pela abstração, pelo apuro das formas e pela sabedoria.
A tradição de portar máscaras remonta as noites dos tempos e nos encontramos traços delas nos afrescos Du Saara (na Líbia) que remontam a 15.000 anos. As primeiras máscaras eram máscaras de animais levadas ao alto da cabeça, e os chifres dos bovinos eram elementos essenciais. Os dançarinos e as dançarinas se penteavam  e  se escondiam sob plantas vegetais, escondendo pernas, braços e o busto. O importante era se comunicar com as energias vitais e sagradas que regiam o mundo e assim assegurar a fecundidade e a continuidade .

AS MÁSCARAS ANIMAIS se diversificaram a partir do reconhecimento do papel que o animal exerce junto ao homem. O homem reconheceu em certa época longínqua a anterioridade do animal sobre o homem. Diferentes animais desempenham papéis nos mitos criadores e nos ritos de adivinhação. É um pouco mais tarde que a função da máscara se diversifica, como signo de diferenciação numa sociedade de iniciação, como proteção da tribo e serve aos guerreiros que se revestem duma vestimenta carregada de substâncias mágicas e o rosto recoberto de uma máscara, ou como cura das doenças. Os chifres animais e as máscaras meio-homem, meio animal subsistiram por longo tempo e tem como papel estabelecer uma relação com as forças irracionais que são aquelas sagradas. Os ornamentos nas máscaras são revestidos de significados múltiplos: de dialogar com os acontecimentos, de assegurar a proteção da família, de acompanhar os  rituais de iniciação, de participar das festas da semeadura e da colheita, de livrá-los da morte, das guerras e das doenças.

Na maior parte do continente africano, a máscara permanece ainda em nossos dias uma das expressões privilegiadas que tem dado lugar a uma impressionante variedade de formas , de materiais e de estilos. Entretanto, é necessário não  dissociar a máscara africana do restante da roupa, pois sem a roupa ela perde o sentido geral da mensagem. A máscara africana não pode ser considerada em apenas sua dimensão estética e artística, mas também a sua funcionalidade no seio da sociedade que a criou  e que a utiliza num conjunto de artes sagradas que asseguram seu equilíbrio, objeto de eterna procura. Muitas vezes, separada de seu conjunto de vestimentas, de seus enfeites, de seu penteado, dissociada de seus acessórios de dança que a acompanham e que se constitui num de seus elementos, a máscara incontestavelmente perde sua significação mais profunda.
A máscara é também maquiagem, pintura corporal, fibras, folhas, peles de animais, tecidos, penteados...todos elementos que constituem um conjunto onde ela se insere, onde cada parte tem também sua significação.
Os materiais de predileção da maioria das máscaras africanas é a madeira, apesar de existirem outras de outros materiais, como fibras vegetais, cabaças, couro, tecidos, às vezes contas, caramujos, metais, marfim, resina...a escolha desses materiais não é aleatória: eles são escolhidos e associados em função da sacralidade da máscara ou do simbolismo que ela exprime. O escultor criador de máscaras trabalha geralmente fora da vila; ele deve observar os interditos muito sérios, passar por vezes por purificações, porque ele deve ser isento de toda impureza para poder fazer seu trabalho bem. segundo as regras. A máscara, ela mesma, a cada utilização é repintada por ser uma máscara policrômica, e a pintura é que torna a máscara “viva”. Durante os períodos cerimoniais as máscaras são conservadas, cuidadas, servidas e mesmo “alimentadas”.
Os principais locais das máscaras são na África ocidental e na África central. As formas variam de acordo com as áreas culturais e as etnias. Quanto aos usos e funções elas correspondem ao ciclo anual dos ritos agrários ( semeadura, colheita) e ao ciclo da vida. No ciclo da vida, dois acontecimentos são considerados essenciais: a iniciação e a morte. Nas cerimônias de iniciação dos jovens, as máscaras participam em diferentes etapas. Somente os pertencentes aquela etnia podem presidir a circuncisão, intervir como mestres iniciadores, revelando aos profanos os conhecimentos necessários a sua formação técnica, moral e social. Nesta ocasião, a máscara é envergada pelos mestres da iniciação que então poderão passar aos jovens iniciados o segredo das máscaras. Materialização de seres sobrenaturais ou de ancestrais, símbolo do sagrado, as máscaras presidem geralmente o encerramento do período de luto.Elas intervêm também nos casos de calamidade ou ainda, em casos de litígio, como agentes de controle social. Em certas etnias, elas são o apanágio do poder do chefe.
SIMBOLISMO DE ALGUMAS CORES DAS MÁSCARAS AFRICANAS
O BRANCO: é uma cor de passagem, a passagem da morte ao renascimento, a mutação de um ser. É igualmente a cor de Deus (ligado aos ancestrais) representam a luminosidade, a inocência, a pureza e a retidão. Essa cor é fabricada a partir do kaolin  ou de cal esfarelado (outras vezes podem ser de casca de caracol, de casca de ovos, excrementos de lagartas ou de cobras sacralizada). Em certas vilas do norte do Nvari-Kwilu o kaolin significa luto, e só serve para decorar os túmulos.
O PRETO: é uma cor negativa, pois representa a morte, o anatemizado, o mal, a feitiçaria e o anti-social. É fabricado com o carvão de madeira. Na costa do Marfim, são feitos de folhas queimadas. Trata-se de um valor complementar entre os Igbos.
O VERMELHO: o símbolo é ambivalente, pois representa o sangue, o fogo, o sol (e o calor) mas também a reintegração de um ser marginal, a fecundidade e o poder. O vermelho mais escuro  representa as forças agressivas e o sangue impuro. É fabricado com a ajuda de substâncias minerais, sacrificiais (em sua origem, uma noz de cola mastigada)
O AMARELO: é um valor complementar entre os Igbo. Essa cor representa a paz, a serenidade, a fortuna, a fertilidade, a eternidade, mas também o declínio, o anúncio da morte.
O AZUL: é uma cor negativa que representa a frieza, mais paradoxalmente a pureza, o sonho e repouso terrestre.
O VERDE: representa a crença, o nascimento, a virilidade.
O OCRE ESCURO: tem também um valor complementar entre os Igbo.

Tradução livre do Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo – Tata Kisaba Kiundundulu

À propósito das máscaras

A  arte primitiva africana não deixa ninguém indiferente, porque ela provoca no observador um largo espectro de emoções, além da serenidade, do maravilhamento, seguido de uma sensação indecifrável, de atração e de perplexidade. Está arte é a fonte da humanidade e permanece imutável através dos tempos apesar das vicissitudes por que tem passado o continente africano. Sua mensagem se inscreve na universalidade.



Cada máscara é um livro de magia aberto que fascina, que suscita a curiosidade, pois que nos convida a decifrar para descobrir de capítulo em capítulo a mensagem revelada. O escultor africano não tem o mesmo desejo que o escultor contemporâneo que sente necessidade de colocar sua assinatura na obra. Na África, a obra de arte não é propriedade de um escultor, mas é a expressão de uma etnia, de um povo e da divindade que utiliza a mão do artista para nela pousar sua essência espiritual num objeto profano.
Se o continente africano abriga uma grande variedade de cultura onde cada uma se caracteriza por sua linguagem, suas tradições e suas formas artísticas, a arte africana no seu conjunto, engloba e abraça por sua vez a história, a filosofia, a espiritualidade e os mitos. Ela traz consigo a alma de todo o continente. A arte africana não visa à representação, a imitação ou a figuração, mas a significação, o simbólico. Ela transgride a forma em proveito de seu conteúdo, de seu sentido ou o que ela exprime. A beleza desta arte vem de sua especificidade, uma estética do domínio do indizível, do domínio do re-sentimento, da sensação do  choque que ela provoca.
A arte africana desperta primeiramente a função mais que a  forma particularmente em certas etnias africanas. Com efeito, desperta a própria vida e suas manifestações, sobretudo por uma concepção mística e unificadora do mundo. Também, a beleza não é jamais almejada por ela mesma.  Há uma preocupação fundamental de ligar o pensamento religioso e o objeto encarregado de exprimi-lo ou de servi-lo. Esses objetos são feitos por artistas que se colocam a serviço do culto dos ancestrais. Não se pode separar o valor plástico da obra de seu contexto social ou religioso. O papel último dessas obras é de mostrar nelas o invisível.
A máscara africana é vista, muitas vezes, pelos ocidentais, com olhares cheios de idéias preconcebidas e de julgamentos prévios. Ela não é um acessório de teatro nem um objeto de arte decorativa e menos ainda um acessório de feitiçaria. É, sobretudo um ser sagrado que utiliza-se do suporte material do homem, considerado então como um guardião, para aparecer e se exprimir. Ela não representa um ser: ela é um ser.
AS MÁSCARAS SAGRADAS representam uma divindade, uma força vital. Elas detêm os poderes religiosos. Elas exercem uma ação propiciatória ao trazer forças vitais benéficas (gênios, deuses secundários) que são os intercessores entre os homens e um deus difuso no universo. Elas exprimem a majestade, a sabedoria, o mistério das forças sobrenaturais que as animam. Elas são encarregadas de mostrar o invisível aos olhos humanos. Elas afastam as forças vitais do mal, elas protegem os homens das forças maléficas. Elas intervêm nas cerimônias: ritos de passagem, purificação, sacrifícios, iniciações, conjurações...elas desempenham um papel essencial no restabelecimento da ordem social. Elas representam os ancestrais e Deus, elas são boas e justas. Elas punem aqueles que trazem a desordem e a insegurança. Elas funcionam com o juízes supremos. Elas detêm os poderes jurídicos. Elas julgam os litígios, os problemas de família, dos clãs, das tribos. Estas máscaras só saem em acontecimentos importantes ou são guardadas em recipientes privados e sagrados.
AS MÁSCARAS PROFANAS são representadas por uma multitude de máscaras que se produzem em momentos de festa e divertimentos. Sobre as máscaras de divertimentos diríamos que elas representam os ancestrais do clã da família, visando a atrair a alma do ancestral e capitalizar sua essência vital. Imortais, eles, os ancestrais são os depositários de um patrimônio cultural. São quem contam as histórias, são a memória do povo. Eles formam uma sociedade hierarquizada, a máscara sagrada é acompanhada por uma plêiade de outras máscaras. Há a máscara guerreira encarregada da conquista e da defesa do território. Ela acompanha a máscara sagrada porque se trata de fazer a justiça em caso de perda. Por ocasião das festas ela é encarregada de supervisionar o comportamento de cada um para detectar os maus elementos. Há a máscara griot, que é companhia fiel da máscara sagrada. O griot é um cantor solitário. Ele louva a máscara sagrada. É também um espião, pois ele escuta, observa, e conta o que viu para a máscara sagrada. Ele influencia  a máscara sagrada a ser mais clemente. Ele é também o cantor e historiador genealogista. Ele pode também dançar e é animador de todas as festas. Ele é indispensável para participar de acontecimentos como funerais. É um virtuoso da dança, pleno de vitalidade. Seguidamente é acompanhado do mascarado cantor. É enfim, o mascarado mediador:ele está presente em todos os níveis da hierarquia. Deve ser iniciado na arte da dança, do canto, da guerra. Ele distrai todo mundo com suas galanterias e seus ditos engraçados. Ele vai de casa em casa pedir alimentos. O portador da máscara deve ser sempre iniciado, sua identidade é sempre desconhecida, sua personalidade se desfaz completamente, pois ele é somente o suporte humano para que a máscara se torne acessível aos homens.
A máscara é um vetor essencial de reivindicação de uma identidade local, geralmente um benfeitor mítico da comunidade. Ele rege as coletividades, e completa uma função religiosa, política, econômica, histórica e terapêutica.
FUNÇÃO RELIGIOSA porque assegura a mediação entre deus, os ancestrais e os homens. Aparece nos ritos de passagem. É a protetora contra os espíritos maléficos. Muitas categorias de máscaras lutam ativamente contra a feitiçaria que é o principal agente de todos os males, das doenças e sofrimentos possíveis. O espírito associado ao mascarado possui a faculdade de detectar feiticeiros e os caçar. Essa função é dupla, pois vem acompanhada de uma ação punitiva, da erradicação do mal. Após a intervenção mascarada, os culpados caem doentes e podem morrer se não repararem suas faltas através de compensações, normalmente em forma de sacrifícios importantes.  Em certos casos, o portador da máscara já é escolhido por sua capacidade de dupla visão e assim pode descobrir os agentes do mal. O espírito da máscara é utilizado para determinar a punição adequada.
FUNÇÃO POLÍTICA porque a mascara garante a hierarquia social. Instância suprema para o regulamento de todos os problemas que podem vir a acontecer na comunidade. Ela faz respeitar a ordem e a justiça e intervêm em todas as decisões vitais. Como a máscara fala, ninguém pode contradizê-la. Suas decisões são inapeláveis. Os homens de poder (reis, chefes e outros dignatários) tem necessidade de garantir seu domínio e de o consolidar, por isso a ajuda das forças sobrenaturais é sempre bem vinda e nesse quadro as aparições dos mascarados correspondem a intervenção impressionante que os dirigentes tanto prezam.
Nada pode manter a população à distância dada à crença e o respeito que as populações tem pela máscara e o mascarado.

FUNÇÃO SOCIAL porque mantêm a harmonia da comunidade e assegura a perenidade do saber. Assegura os laços entre os ancestrais e os vivos e traz para a vila as bênçãos dos ancestrais. As máscaras assumem regularmente o papel de policiais locais e supervisionam, dão o alerta, julgam e punem os malfeitores. A vantagem dos mascarados é que ao aplicar as punições isso é feito dentro de um total anonimato para o mascarado. Também é necessário atentar para  verificar possíveis abusos por parte do mascarado que deve sempre agir com total senso de justiça. Para isso, ele, o mascarado está sempre também sobre a vigilância dos dirigentes políticos.
FUNÇÃO CULTURAL E EDUCATIVA porque as máscaras são depositárias da cultura de uma etnia. Os homens se sucedem, os povos desaparecem, a sociedade evolui, mas a máscara permanece após sua criação até o término de suas muitas mutações. Ela é a memória que permanece e que conta a evolução do povo. As máscaras transmitem um saber, ensinamento de linhas de conduta, aconselha e influencia. Elas representam os modelos admiráveis a seguir e dos quais os homens devem se aproximar. Elas concentram a ética de uma sociedade, sublinham as coisas importantes dessa sociedade, a serem seguidas ou evitadas. Na sua utilização elas veiculam numerosas mensagens dirigidas a todos, ou ao contrário, a um público reservado.

FUNÇÃO DE INICIAÇÃO porque os segredos ligados a sua existência fazem parte dos ensinamentos ministrados aos jovens iniciados. As sociedades secretas, na maioria masculinos, chamam os mascarados no decurso de seus rituais específicos. Alguns deles compreendem numerosos graus de acesso e são regidos por ciclos iniciáticos. Tornam-se assim possuidores de conhecimentos esotéricos que permitem a manipulação e o controle dos não iniciados.

FUNÇÃO FUNERÁRIA porque a intervenção das máscaras tem sobretudo um papel purificador. A morte introduz uma forma de desequilíbrio na sociedade, e isso é como uma mancha que deve ser lavada. As máscaras procuram a alma do defunto para a conduzir ao reino dos espíritos a partir do qual ele poderá se transformar em força vital e beneficiar seus descendentes.
Estas obras satisfazem o senso estético, mas vão além do senso estético, pois fornecem a visão de infinito espiritual, a beleza ou o terror. A máscara pode ser eficaz no sentido positivo ou terrorífica, mas sempre sagrada. A forma estabelece não mais que um jogo de forças secretas, de energias vitais. O estudo estético dessas máscaras variadas revela um interesse pela abstração, pelo apuro das formas e pela sabedoria.
A tradição de portar máscaras remonta as noites dos tempos e nos encontramos traços delas nos afrescos Du Saara (na Líbia) que remontam a 15.000 anos. As primeiras máscaras eram máscaras de animais levadas ao alto da cabeça, e os chifres dos bovinos eram elementos essenciais. Os dançarinos e as dançarinas se penteavam  e  se escondiam sob plantas vegetais, escondendo pernas, braços e o busto. O importante era se comunicar com as energias vitais e sagradas que regiam o mundo e assim assegurar a fecundidade e a continuidade .

AS MÁSCARAS ANIMAIS se diversificaram a partir do reconhecimento do papel que o animal exerce junto ao homem. O homem reconheceu em certa época longínqua a anterioridade do animal sobre o homem. Diferentes animais desempenham papéis nos mitos criadores e nos ritos de adivinhação. É um pouco mais tarde que a função da máscara se diversifica, como signo de diferenciação numa sociedade de iniciação, como proteção da tribo e serve aos guerreiros que se revestem duma vestimenta carregada de substâncias mágicas e o rosto recoberto de uma máscara, ou como cura das doenças. Os chifres animais e as máscaras meio-homem, meio animal subsistiram por longo tempo e tem como papel estabelecer uma relação com as forças irracionais que são aquelas sagradas. Os ornamentos nas máscaras são revestidos de significados múltiplos: de dialogar com os acontecimentos, de assegurar a proteção da família, de acompanhar os  rituais de iniciação, de participar das festas da semeadura e da colheita, de livrá-los da morte, das guerras e das doenças.

Na maior parte do continente africano, a máscara permanece ainda em nossos dias uma das expressões privilegiadas que tem dado lugar a uma impressionante variedade de formas , de materiais e de estilos. Entretanto, é necessário não  dissociar a máscara africana do restante da roupa, pois sem a roupa ela perde o sentido geral da mensagem. A máscara africana não pode ser considerada em apenas sua dimensão estética e artística, mas também a sua funcionalidade no seio da sociedade que a criou  e que a utiliza num conjunto de artes sagradas que asseguram seu equilíbrio, objeto de eterna procura. Muitas vezes, separada de seu conjunto de vestimentas, de seus enfeites, de seu penteado, dissociada de seus acessórios de dança que a acompanham e que se constitui num de seus elementos, a máscara incontestavelmente perde sua significação mais profunda.
A máscara é também maquiagem, pintura corporal, fibras, folhas, peles de animais, tecidos, penteados...todos elementos que constituem um conjunto onde ela se insere, onde cada parte tem também sua significação.
Os materiais de predileção da maioria das máscaras africanas é a madeira, apesar de existirem outras de outros materiais, como fibras vegetais, cabaças, couro, tecidos, às vezes contas, caramujos, metais, marfim, resina...a escolha desses materiais não é aleatória: eles são escolhidos e associados em função da sacralidade da máscara ou do simbolismo que ela exprime. O escultor criador de máscaras trabalha geralmente fora da vila; ele deve observar os interditos muito sérios, passar por vezes por purificações, porque ele deve ser isento de toda impureza para poder fazer seu trabalho bem. segundo as regras. A máscara, ela mesma, a cada utilização é repintada por ser uma máscara policrômica, e a pintura é que torna a máscara “viva”. Durante os períodos cerimoniais as máscaras são conservadas, cuidadas, servidas e mesmo “alimentadas”.
Os principais locais das máscaras são na África ocidental e na África central. As formas variam de acordo com as áreas culturais e as etnias. Quanto aos usos e funções elas correspondem ao ciclo anual dos ritos agrários ( semeadura, colheita) e ao ciclo da vida. No ciclo da vida, dois acontecimentos são considerados essenciais: a iniciação e a morte. Nas cerimônias de iniciação dos jovens, as máscaras participam em diferentes etapas. Somente os pertencentes aquela etnia podem presidir a circuncisão, intervir como mestres iniciadores, revelando aos profanos os conhecimentos necessários a sua formação técnica, moral e social. Nesta ocasião, a máscara é envergada pelos mestres da iniciação que então poderão passar aos jovens iniciados o segredo das máscaras. Materialização de seres sobrenaturais ou de ancestrais, símbolo do sagrado, as máscaras presidem geralmente o encerramento do período de luto.Elas intervêm também nos casos de calamidade ou ainda, em casos de litígio, como agentes de controle social. Em certas etnias, elas são o apanágio do poder do chefe.
SIMBOLISMO DE ALGUMAS CORES DAS MÁSCARAS AFRICANAS
O BRANCO: é uma cor de passagem, a passagem da morte ao renascimento, a mutação de um ser. É igualmente a cor de Deus (ligado aos ancestrais) representam a luminosidade, a inocência, a pureza e a retidão. Essa cor é fabricada a partir do kaolin  ou de cal esfarelado (outras vezes podem ser de casca de caracol, de casca de ovos, excrementos de lagartas ou de cobras sacralizada). Em certas vilas do norte do Nvari-Kwilu o kaolin significa luto, e só serve para decorar os túmulos.
O PRETO: é uma cor negativa, pois representa a morte, o anatemizado, o mal, a feitiçaria e o anti-social. É fabricado com o carvão de madeira. Na costa do Marfim, são feitos de folhas queimadas. Trata-se de um valor complementar entre os Igbos.
O VERMELHO: o símbolo é ambivalente, pois representa o sangue, o fogo, o sol (e o calor) mas também a reintegração de um ser marginal, a fecundidade e o poder. O vermelho mais escuro  representa as forças agressivas e o sangue impuro. É fabricado com a ajuda de substâncias minerais, sacrificiais (em sua origem, uma noz de cola mastigada)
O AMARELO: é um valor complementar entre os Igbo. Essa cor representa a paz, a serenidade, a fortuna, a fertilidade, a eternidade, mas também o declínio, o anúncio da morte.
O AZUL: é uma cor negativa que representa a frieza, mais paradoxalmente a pureza, o sonho e repouso terrestre.
O VERDE: representa a crença, o nascimento, a virilidade.
O OCRE ESCURO: tem também um valor complementar entre os Igbo.

Tradução livre do Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo – Tata Kisaba Kiundundulu

À propósito das máscaras

A  arte primitiva africana não deixa ninguém indiferente, porque ela provoca no observador um largo espectro de emoções, além da serenidade, do maravilhamento, seguido de uma sensação indecifrável, de atração e de perplexidade. Está arte é a fonte da humanidade e permanece imutável através dos tempos apesar das vicissitudes por que tem passado o continente africano. Sua mensagem se inscreve na universalidade.



Cada máscara é um livro de magia aberto que fascina, que suscita a curiosidade, pois que nos convida a decifrar para descobrir de capítulo em capítulo a mensagem revelada. O escultor africano não tem o mesmo desejo que o escultor contemporâneo que sente necessidade de colocar sua assinatura na obra. Na África, a obra de arte não é propriedade de um escultor, mas é a expressão de uma etnia, de um povo e da divindade que utiliza a mão do artista para nela pousar sua essência espiritual num objeto profano.
Se o continente africano abriga uma grande variedade de cultura onde cada uma se caracteriza por sua linguagem, suas tradições e suas formas artísticas, a arte africana no seu conjunto, engloba e abraça por sua vez a história, a filosofia, a espiritualidade e os mitos. Ela traz consigo a alma de todo o continente. A arte africana não visa à representação, a imitação ou a figuração, mas a significação, o simbólico. Ela transgride a forma em proveito de seu conteúdo, de seu sentido ou o que ela exprime. A beleza desta arte vem de sua especificidade, uma estética do domínio do indizível, do domínio do re-sentimento, da sensação do  choque que ela provoca.
A arte africana desperta primeiramente a função mais que a  forma particularmente em certas etnias africanas. Com efeito, desperta a própria vida e suas manifestações, sobretudo por uma concepção mística e unificadora do mundo. Também, a beleza não é jamais almejada por ela mesma.  Há uma preocupação fundamental de ligar o pensamento religioso e o objeto encarregado de exprimi-lo ou de servi-lo. Esses objetos são feitos por artistas que se colocam a serviço do culto dos ancestrais. Não se pode separar o valor plástico da obra de seu contexto social ou religioso. O papel último dessas obras é de mostrar nelas o invisível.
A máscara africana é vista, muitas vezes, pelos ocidentais, com olhares cheios de idéias preconcebidas e de julgamentos prévios. Ela não é um acessório de teatro nem um objeto de arte decorativa e menos ainda um acessório de feitiçaria. É, sobretudo um ser sagrado que utiliza-se do suporte material do homem, considerado então como um guardião, para aparecer e se exprimir. Ela não representa um ser: ela é um ser.
AS MÁSCARAS SAGRADAS representam uma divindade, uma força vital. Elas detêm os poderes religiosos. Elas exercem uma ação propiciatória ao trazer forças vitais benéficas (gênios, deuses secundários) que são os intercessores entre os homens e um deus difuso no universo. Elas exprimem a majestade, a sabedoria, o mistério das forças sobrenaturais que as animam. Elas são encarregadas de mostrar o invisível aos olhos humanos. Elas afastam as forças vitais do mal, elas protegem os homens das forças maléficas. Elas intervêm nas cerimônias: ritos de passagem, purificação, sacrifícios, iniciações, conjurações...elas desempenham um papel essencial no restabelecimento da ordem social. Elas representam os ancestrais e Deus, elas são boas e justas. Elas punem aqueles que trazem a desordem e a insegurança. Elas funcionam com o juízes supremos. Elas detêm os poderes jurídicos. Elas julgam os litígios, os problemas de família, dos clãs, das tribos. Estas máscaras só saem em acontecimentos importantes ou são guardadas em recipientes privados e sagrados.
AS MÁSCARAS PROFANAS são representadas por uma multitude de máscaras que se produzem em momentos de festa e divertimentos. Sobre as máscaras de divertimentos diríamos que elas representam os ancestrais do clã da família, visando a atrair a alma do ancestral e capitalizar sua essência vital. Imortais, eles, os ancestrais são os depositários de um patrimônio cultural. São quem contam as histórias, são a memória do povo. Eles formam uma sociedade hierarquizada, a máscara sagrada é acompanhada por uma plêiade de outras máscaras. Há a máscara guerreira encarregada da conquista e da defesa do território. Ela acompanha a máscara sagrada porque se trata de fazer a justiça em caso de perda. Por ocasião das festas ela é encarregada de supervisionar o comportamento de cada um para detectar os maus elementos. Há a máscara griot, que é companhia fiel da máscara sagrada. O griot é um cantor solitário. Ele louva a máscara sagrada. É também um espião, pois ele escuta, observa, e conta o que viu para a máscara sagrada. Ele influencia  a máscara sagrada a ser mais clemente. Ele é também o cantor e historiador genealogista. Ele pode também dançar e é animador de todas as festas. Ele é indispensável para participar de acontecimentos como funerais. É um virtuoso da dança, pleno de vitalidade. Seguidamente é acompanhado do mascarado cantor. É enfim, o mascarado mediador:ele está presente em todos os níveis da hierarquia. Deve ser iniciado na arte da dança, do canto, da guerra. Ele distrai todo mundo com suas galanterias e seus ditos engraçados. Ele vai de casa em casa pedir alimentos. O portador da máscara deve ser sempre iniciado, sua identidade é sempre desconhecida, sua personalidade se desfaz completamente, pois ele é somente o suporte humano para que a máscara se torne acessível aos homens.
A máscara é um vetor essencial de reivindicação de uma identidade local, geralmente um benfeitor mítico da comunidade. Ele rege as coletividades, e completa uma função religiosa, política, econômica, histórica e terapêutica.
FUNÇÃO RELIGIOSA porque assegura a mediação entre deus, os ancestrais e os homens. Aparece nos ritos de passagem. É a protetora contra os espíritos maléficos. Muitas categorias de máscaras lutam ativamente contra a feitiçaria que é o principal agente de todos os males, das doenças e sofrimentos possíveis. O espírito associado ao mascarado possui a faculdade de detectar feiticeiros e os caçar. Essa função é dupla, pois vem acompanhada de uma ação punitiva, da erradicação do mal. Após a intervenção mascarada, os culpados caem doentes e podem morrer se não repararem suas faltas através de compensações, normalmente em forma de sacrifícios importantes.  Em certos casos, o portador da máscara já é escolhido por sua capacidade de dupla visão e assim pode descobrir os agentes do mal. O espírito da máscara é utilizado para determinar a punição adequada.
FUNÇÃO POLÍTICA porque a mascara garante a hierarquia social. Instância suprema para o regulamento de todos os problemas que podem vir a acontecer na comunidade. Ela faz respeitar a ordem e a justiça e intervêm em todas as decisões vitais. Como a máscara fala, ninguém pode contradizê-la. Suas decisões são inapeláveis. Os homens de poder (reis, chefes e outros dignatários) tem necessidade de garantir seu domínio e de o consolidar, por isso a ajuda das forças sobrenaturais é sempre bem vinda e nesse quadro as aparições dos mascarados correspondem a intervenção impressionante que os dirigentes tanto prezam.
Nada pode manter a população à distância dada à crença e o respeito que as populações tem pela máscara e o mascarado.

FUNÇÃO SOCIAL porque mantêm a harmonia da comunidade e assegura a perenidade do saber. Assegura os laços entre os ancestrais e os vivos e traz para a vila as bênçãos dos ancestrais. As máscaras assumem regularmente o papel de policiais locais e supervisionam, dão o alerta, julgam e punem os malfeitores. A vantagem dos mascarados é que ao aplicar as punições isso é feito dentro de um total anonimato para o mascarado. Também é necessário atentar para  verificar possíveis abusos por parte do mascarado que deve sempre agir com total senso de justiça. Para isso, ele, o mascarado está sempre também sobre a vigilância dos dirigentes políticos.
FUNÇÃO CULTURAL E EDUCATIVA porque as máscaras são depositárias da cultura de uma etnia. Os homens se sucedem, os povos desaparecem, a sociedade evolui, mas a máscara permanece após sua criação até o término de suas muitas mutações. Ela é a memória que permanece e que conta a evolução do povo. As máscaras transmitem um saber, ensinamento de linhas de conduta, aconselha e influencia. Elas representam os modelos admiráveis a seguir e dos quais os homens devem se aproximar. Elas concentram a ética de uma sociedade, sublinham as coisas importantes dessa sociedade, a serem seguidas ou evitadas. Na sua utilização elas veiculam numerosas mensagens dirigidas a todos, ou ao contrário, a um público reservado.

FUNÇÃO DE INICIAÇÃO porque os segredos ligados a sua existência fazem parte dos ensinamentos ministrados aos jovens iniciados. As sociedades secretas, na maioria masculinos, chamam os mascarados no decurso de seus rituais específicos. Alguns deles compreendem numerosos graus de acesso e são regidos por ciclos iniciáticos. Tornam-se assim possuidores de conhecimentos esotéricos que permitem a manipulação e o controle dos não iniciados.

FUNÇÃO FUNERÁRIA porque a intervenção das máscaras tem sobretudo um papel purificador. A morte introduz uma forma de desequilíbrio na sociedade, e isso é como uma mancha que deve ser lavada. As máscaras procuram a alma do defunto para a conduzir ao reino dos espíritos a partir do qual ele poderá se transformar em força vital e beneficiar seus descendentes.
Estas obras satisfazem o senso estético, mas vão além do senso estético, pois fornecem a visão de infinito espiritual, a beleza ou o terror. A máscara pode ser eficaz no sentido positivo ou terrorífica, mas sempre sagrada. A forma estabelece não mais que um jogo de forças secretas, de energias vitais. O estudo estético dessas máscaras variadas revela um interesse pela abstração, pelo apuro das formas e pela sabedoria.
A tradição de portar máscaras remonta as noites dos tempos e nos encontramos traços delas nos afrescos Du Saara (na Líbia) que remontam a 15.000 anos. As primeiras máscaras eram máscaras de animais levadas ao alto da cabeça, e os chifres dos bovinos eram elementos essenciais. Os dançarinos e as dançarinas se penteavam  e  se escondiam sob plantas vegetais, escondendo pernas, braços e o busto. O importante era se comunicar com as energias vitais e sagradas que regiam o mundo e assim assegurar a fecundidade e a continuidade .

AS MÁSCARAS ANIMAIS se diversificaram a partir do reconhecimento do papel que o animal exerce junto ao homem. O homem reconheceu em certa época longínqua a anterioridade do animal sobre o homem. Diferentes animais desempenham papéis nos mitos criadores e nos ritos de adivinhação. É um pouco mais tarde que a função da máscara se diversifica, como signo de diferenciação numa sociedade de iniciação, como proteção da tribo e serve aos guerreiros que se revestem duma vestimenta carregada de substâncias mágicas e o rosto recoberto de uma máscara, ou como cura das doenças. Os chifres animais e as máscaras meio-homem, meio animal subsistiram por longo tempo e tem como papel estabelecer uma relação com as forças irracionais que são aquelas sagradas. Os ornamentos nas máscaras são revestidos de significados múltiplos: de dialogar com os acontecimentos, de assegurar a proteção da família, de acompanhar os  rituais de iniciação, de participar das festas da semeadura e da colheita, de livrá-los da morte, das guerras e das doenças.

Na maior parte do continente africano, a máscara permanece ainda em nossos dias uma das expressões privilegiadas que tem dado lugar a uma impressionante variedade de formas , de materiais e de estilos. Entretanto, é necessário não  dissociar a máscara africana do restante da roupa, pois sem a roupa ela perde o sentido geral da mensagem. A máscara africana não pode ser considerada em apenas sua dimensão estética e artística, mas também a sua funcionalidade no seio da sociedade que a criou  e que a utiliza num conjunto de artes sagradas que asseguram seu equilíbrio, objeto de eterna procura. Muitas vezes, separada de seu conjunto de vestimentas, de seus enfeites, de seu penteado, dissociada de seus acessórios de dança que a acompanham e que se constitui num de seus elementos, a máscara incontestavelmente perde sua significação mais profunda.
A máscara é também maquiagem, pintura corporal, fibras, folhas, peles de animais, tecidos, penteados...todos elementos que constituem um conjunto onde ela se insere, onde cada parte tem também sua significação.
Os materiais de predileção da maioria das máscaras africanas é a madeira, apesar de existirem outras de outros materiais, como fibras vegetais, cabaças, couro, tecidos, às vezes contas, caramujos, metais, marfim, resina...a escolha desses materiais não é aleatória: eles são escolhidos e associados em função da sacralidade da máscara ou do simbolismo que ela exprime. O escultor criador de máscaras trabalha geralmente fora da vila; ele deve observar os interditos muito sérios, passar por vezes por purificações, porque ele deve ser isento de toda impureza para poder fazer seu trabalho bem. segundo as regras. A máscara, ela mesma, a cada utilização é repintada por ser uma máscara policrômica, e a pintura é que torna a máscara “viva”. Durante os períodos cerimoniais as máscaras são conservadas, cuidadas, servidas e mesmo “alimentadas”.
Os principais locais das máscaras são na África ocidental e na África central. As formas variam de acordo com as áreas culturais e as etnias. Quanto aos usos e funções elas correspondem ao ciclo anual dos ritos agrários ( semeadura, colheita) e ao ciclo da vida. No ciclo da vida, dois acontecimentos são considerados essenciais: a iniciação e a morte. Nas cerimônias de iniciação dos jovens, as máscaras participam em diferentes etapas. Somente os pertencentes aquela etnia podem presidir a circuncisão, intervir como mestres iniciadores, revelando aos profanos os conhecimentos necessários a sua formação técnica, moral e social. Nesta ocasião, a máscara é envergada pelos mestres da iniciação que então poderão passar aos jovens iniciados o segredo das máscaras. Materialização de seres sobrenaturais ou de ancestrais, símbolo do sagrado, as máscaras presidem geralmente o encerramento do período de luto.Elas intervêm também nos casos de calamidade ou ainda, em casos de litígio, como agentes de controle social. Em certas etnias, elas são o apanágio do poder do chefe.
SIMBOLISMO DE ALGUMAS CORES DAS MÁSCARAS AFRICANAS
O BRANCO: é uma cor de passagem, a passagem da morte ao renascimento, a mutação de um ser. É igualmente a cor de Deus (ligado aos ancestrais) representam a luminosidade, a inocência, a pureza e a retidão. Essa cor é fabricada a partir do kaolin  ou de cal esfarelado (outras vezes podem ser de casca de caracol, de casca de ovos, excrementos de lagartas ou de cobras sacralizada). Em certas vilas do norte do Nvari-Kwilu o kaolin significa luto, e só serve para decorar os túmulos.
O PRETO: é uma cor negativa, pois representa a morte, o anatemizado, o mal, a feitiçaria e o anti-social. É fabricado com o carvão de madeira. Na costa do Marfim, são feitos de folhas queimadas. Trata-se de um valor complementar entre os Igbos.
O VERMELHO: o símbolo é ambivalente, pois representa o sangue, o fogo, o sol (e o calor) mas também a reintegração de um ser marginal, a fecundidade e o poder. O vermelho mais escuro  representa as forças agressivas e o sangue impuro. É fabricado com a ajuda de substâncias minerais, sacrificiais (em sua origem, uma noz de cola mastigada)
O AMARELO: é um valor complementar entre os Igbo. Essa cor representa a paz, a serenidade, a fortuna, a fertilidade, a eternidade, mas também o declínio, o anúncio da morte.
O AZUL: é uma cor negativa que representa a frieza, mais paradoxalmente a pureza, o sonho e repouso terrestre.
O VERDE: representa a crença, o nascimento, a virilidade.
O OCRE ESCURO: tem também um valor complementar entre os Igbo.

Tradução livre do Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo – Tata Kisaba Kiundundulu

Kijingu (Cargos) Kijingu (Cargos)

Kijingu (Cargos)
Kijingu (Cargos)

Os cargos no culto afro bantu sao denominados conforme a capacidade e dom de cada iniciado no camdomble Angola, e por idade de santo para agir tal funçao:             
               Hierarquia kibundo kicongo
  • 1 - Tata Riá Nkisi - Sacerdote.
  • 2 – Mam`etu Riá Nkisi - Sacerdotisa.
  • 3 - Tata Ndenge - pai pequeno.
  • 4 – Mam`etu Ndenge - Mãe pequena (há quem chame de Kota Tororó, mas não há nenhuma comprovação em dicionário, origem desconhecida).
  • 5 - Tata Lubito - guardião das chaves da Inzo Ia Musambu.
  • 6 - Kambondu -  Homem confirmado para o Nkisi/Mukixi.
  • 7 - Kambondos Kisaba ou Tata Kisaba - responsável pelas folhas.
  • 8 - Tata Kivonda - responsável pelas matanças, pelos sacrifícios animais.
  • 9 - Tata Mulonji - preparador dos encantamentos com as folhas e cabaças.
  • 10 – Mam`etu Mukamba - Cozinheira da casa, que por sua vez, deve de preferência ser uma senhora de idade e que não mestrue mais.
  • 11 – Mam`etu Kusasa - Mãe criadeira.
  • 12 - Kota ou Maganza - Em outras nações EKEJI (todos os mais velhos que já passaram de 7 anos, mesmo sem dar obrigação, ou que estão presentes na casa, também são chamados de Kota).
  • 13 - Tata Nganga -  pai feiticeiro
  • 14 - Kutala - Herdeiro da casa.
  • 15 - Mona Nkisi - Filho de santo.
  • 16 - Mona Muhatu Wá Nkisi - Filha de santo (mulher).
  • 17 - Mona Diala Wá Nkisi - Filho de santo (homem).

Sacerdotes na África

  • Kubama..................adivinhador de 1a categoria.
  • Tahi....................adivinhador de 2a categoria.
  • Nganga-a-ngombo.........adivinhador de 3a categoria.
  • Kimbanda................feiticeiro ou curandeiro.
  • Nganga-a-mukixi.........sacerdote no culto de possessão (Angola).
  • Niganga-a-nkisi........sacerdote do culto de possessão (Kongo).
  • Mukúa-umbanda...........sacerdote do culto de possessão (Angola-Kongo). 

Divisão Sacerdotais no Brasil

  • Mam’etu ia mukixi......sacerdotisa no Angola.
  • Tat’etu ia mukixi......sacerdote no Angola.
  • Nengua-a-nkisi..........sacerdotisa no Kongo.
  • Nganga-a-nkisi.........sacerdote no Kongo.
  • Mam’etu ndenge..........mãe pequena no Angola.
  • Tat’etu ndenge..........Pai pequeno no Angola.
  • Nengua ndumba...........mãe pequena no Kongo.
  • Nganga ndumba...........pai pequeno no Kongo.
  • Kambundo ou Kambondu...todos os homens confirmados.
  • Kimbanda................Feiticeiro, curandeiro.
  • Kisaba................. responsável pelo colhimento das sagradas folhas.
  • Tata Utala..............Pai do altar.
  • Kivonda.................Sacrificador de animais (Kongo).
  • Kambondu Poko...........sacrificador de animais (Angola).
  • Kuxika ia ngombe........Tocador (Kongo).
  • Muxiki..................Tocador( Angola).
  • Njimbidi................cantador(Angola).
  • Ntodi......................cantador(Kongo).
  • Kambondu Mabaia.........responsável pelo barracão.
  • Kota....................todas as mulheres confirmadas.
  • Kota Mbakisi............responsável pelas divindades.
  • Hongolo Matona..........especialista nas pinturas corporais.
  • Kota Ambelai............toma conta e atende aos iniciados.
  • Kota Kididii............toma conta de tudo mantém a paz.
  • Kota Rifula.............responsável em preparar as comidas sagradas.
  • Kota Mutintá..........responsável pelo preparado das sagradas tiintas.
  • Mosoioio................as (os) mais antigas.
  • Kota Maganza............título alcançado após a obrigação de 21 anos.
  • Maganza.................título dado aos iniciados.
  • Uandumba................designa a pessoa durante a fase iniciatória.
  • Ndumbe..................designa a pessoa não iniciada.

Nzambi criador do universo segundo o culto bantu

Nzambi criador do universo segundo o culto bantu (por Tata Kiamuloji) A LENDA DA CRIAÇÃO DO MUNDO

Uma vez tendo N'Zambi se expandido ao máximo e criado a sua corte
imediata, bem como as demais essências e espíritos e por fim, já
tendo criado também a Terra, decidiu convocar para uma reunião em
seu Palácio, Aluvaiá e também a sua parte feminina, Bombo-Njila,
nomeando-os como seus emissários diretos, determinando-lhes que o
mantivesse informado das boas novas do novo planeta. Com efeito,
N'Zambi dotou-os da capacidade de transporem com fabulosa destreza
as barreiras entre os mundos, de modo a lhe trazerem com a maior
rapidez, as informações e notícias de tudo o que se passava.


Certa ocasião, ao serem convidados a se pronunciarem, não se fizeram
de rogados e contaram à N'Zambi que era necessário proporcionar aos
espíritos que na terra vagavam, alguma forma de expiação para os
seus débitos, e que para tal, era preciso dar-lhes forma por meio da
matéria, uma vez que estes existiam apenas como simples espirais de
fumaça, e que, por não possuírem forma, não se conheciam e ainda
ignoravam a real natureza de suas ações, assim como as suas
possíveis consequências e sequer pudessem cumprir as punições que
N'Zambi porventura lhes determinasse, em virtude das eventuais
falhas que praticassem. Inteligentemente, propuseram à N'Zambi que
lhes dotasse do poder de manipular a energia, para poderem dar forma
material àqueles seres, ao que N'Zambi concordou. Assim, os
emissários retornaram para executarem a nova tarefa, a de modelar
aquelas espirais, propiciando sobre elas a energia que dava-lhes a
forma material- a vida.

Nesta mesma ocasião sugeriram ainda, que cada um dos Espíritos da
Natureza, isto é, os demais Bakulu/Jinkisi, que neste tempo já
haviam também sido criados por N'Zambi, mas os quais sabemos, são
estacionários em seus planos divinos, tivessem um pouco mais de
paciência para finalmente descerem à terra e dominarem cada um, o
reino da natureza que lhes fosse de direito, deixando portanto, por
conta de Aluvaiá e Bombo-Njila a responsabilidade de arrebanharem
espíritos de outros planetas, trazendo-os à terra, afim de se
juntarem aos outros e passassem pela expiação de suas ações. Após
muita delonga, resolveu N'Zambi, aceitar a sugestão.

Assim, partiram Aluvaiá e Bombo-Njila em busca de novas camadas de
espíritos em outros planetas e lá chegando, como lhes é peculiar,
enganaram a todos com promessas de rápidos resgates de débito
espiritual, anunciando que a terra era o lugar ideal para todos, um
verdadeiro paraíso, e que eles podiam lhes acompanhar, pois não se
arrependeriam. Iludidos com aquela argumentação matreira e
acreditando ser a terra realmente um paraíso, rumaram todos
imediatamente ao seu destino.

Quanta decepção e desilusão, quanta lágrima derramada, pois aqui
chegando, deu-se o fenômeno da materialização. Ao adquirirem formas
humanas, foi permitido aqueles espíritos errantes, enxergar, ouvir e
sentir, mas agora já na própria carne, todo tipo de dores e
necessidades, participando de espetáculos deprimentes, como crimes
de todas as espécies, além de outras negatividades.

E assim estava instaurado o caos. Neste tempo, os seres não
conheciam um outro senhor no Universo, ainda assim, Aluvaiá e Bombo-
Njila temendo perderem o seu poder, ignoram o acordado entre N'Zambi
e os Bakulu sobre sua vinda à terra e passaram a nutrir os seres por
eles transportados e criados, com sangue, provocando um
enfraquecimento em si mesmos devido a crescente demanda.

Diante do problema, Aluvaiá e Bombo-Njila decidiram alimentarem-se
do sangue que destinavam as demais criaturas, tornando-se cada vez
mais constituídos da mesma substância que os humanos, cada vez mais
a sua semelhança.

Novamente convocados a prestarem contas a N'Zambi, mentiram, ao
afirmarem que do outro lado haviam seres bonitos, felizes, flores,
etc. Ousados, acrescentaram ainda, que se ficassem mais tempo se
enfraqueceriam muito, por isso precisavam conhecer o segredo da
perpetuação, que só N'Zambi podia lhes revelar. N'Zambi, percebendo
as intenções maléficas, pela energia que deles emanava,
disse: "Aluvaiá e Bombo-Njila, vocês me enganaram. Usaram seus
poderes sem me consultar e beberam da substância que não lhes era
destinada. Por isso, mandarei vocês de volta, e como castigo terão
que prosseguir mantendo-se com a própria essência da vida que
criaram e sorveram: o sangue", ordenando-lhes por fim que voltassem
a terra.

De tempos em tempos, N'Zambi pedia a um dos Bakulu para descer à
Terra, e trazer-lhe informações, ao que atendiam de pronto. Certa
vez ao retornarem, informaram à N'Zambi que Aluvaiá e Bombo-Njila
faziam um bom trabalho.

N'Zambi novamente chamou a ambos à sua presença para que falassem de
suas obras. Após terem conferenciado, N'Zambi determinou que os
demais Bakulu regressassem aos mundos habitados e diante da grande
obra realizada por Aluvaiá e Bombo-Njila, passassem cada qual a
exercer de fato o domínio sobre as matas, os mares, o ar, o fogo, a
terra, e demais reinos e elementos da natureza, como há muito
esperavam. N'Zambi escolheu e escalou o Bakulu Tempo (Kitembu),
encarregando-o da missão de transportar os bons e os maus espíritos
e após classificá-los, alojá-los nos planos de vida correspondentes.
Assim, os maus relutam até hoje em moldarem-se a seu plano, ao passo
que os bons devem ir se aperfeiçoando a cada dia.

Aluvaiá e Bombo-Njila vendo o seu império comprometido, zangaram-se
com os Bakulu, mas estes de posse de seus domínios passaram a
capacitar os seres para realização de diversas proezas. Com isso,
ambos atestaram que perdiam poder e resolveram voltar à N'Zambi,
alegando que haviam sido expulsos de seus domínios pelos Bakulu,
tentando intrigar N'Zambi contra as demais Divindades. Entretanto,
N'Zambi dessa vez não lhes deu ouvidos e em sua infinita bondade
deixou a encargo de ambos a missão de seguirem transitando entre os
dois mundos, agora como os mensageiros dos Bakulu. Com o passar dos
tempos, os seres, sentindo necessidade do desempenho de ambos como
os agentes mágicos universais, e faziam-lhe sacrifícios para chamá-
los, convocando-os e recebendo-os com honrarias, já que haviam
ficado dependentes do sangue por eles criado, de sua presteza ao
circularem entre os mundos, de propiciarem os acontecimentos e de
levarem e trazerem as mensagens dos Bakulu. Como pena, Aluvaiá e
Bombo-Njila passaram a ter a responsabilidade de manter a vida
material através do que lhes é também vital- o sangue. Por outro
lado são sempre os primeiros a serem alimentados e homenageados, já
que foram os primeiros a serem criados por N'Zambi e a reinarem
sobre a matéria humana, sendo por isso, Aluvaiá e Bombo-Njila, até
hoje, os intermediários legítimos entre os homens e as demais
Divindades.

Jinsaba ngunzu (folhas)

Jinsaba ngunzu (folhas)
Jinsaba ngunzu (folhas)

A religião afro Bantu, com seus cultos aos Minkisi, faz uso em seus fundamentos das folhas e ervas sagradas provenientes da natureza viva e seu uso é de extrema importância em todos os seus rituais religiosos.
Postarei algumas folhas e ervas sagradas respectivas à cada Nkisi

FOLHA = NSABA//UNSABA.......plural – JINSABA (Kimbundu)
FOLHA = EKAIA......plural – MAKAIA (Kikongo)

JINSABA NZAMBIRI IA PAMBU NJILA
(Folhas Sagradas de Pambu Njila)
BAVU KISASA = Palmatória do mato.
TUBIA = Cansação.
NZINGAPÉ = Folha do dendezeiro.
DULULU = Fedegoso macho.
ULUKAJI = Tamarindo.
MUKAJU = Cajueiro.
MUMANGA = Mangueira.
BAÍKI = MAMONA (Roxa).
XIKUKUNIRA = Jaqueira.
MUXERU = Fruta-pão.

NKISI NKOSI
MUEKI RIZANGA = Cana do Brejo.
NDUKU NGULU = Bredo de Porco.
MUMANGA = Mangueira.
NGUMBA = Corana.
NZINGAPÉ = Folha do Dendezeiro.
MABAIÁ = Balieira.
Ó SINKÔSI = Espada de SÃO JORGE (redonda)
PÓKÓ NKOSI = Nativo Verde (Peregun).
NGOZU = São Gonçalino.

NKISI MUTAKALOMBO//MUTALAMBO
UZINDUNGO = Erva do Oxossi
Ó SINKÔSI = Espada de São Jorge (redonda)
PÓKÓ NKOSI = Nativo verde (Peregun)
KAMUSOSO = Cipó chumbo
IANGU DIEMBE = Erva pombinha (quebra pedra)
MASÂNGO = Folha do milho
RIÉ = Folha de coqueiro

NKISI KATENDE
KAMUSOSO = Cipó chumbo
MUEKI RIZANGA = Cana do brejo
UZINGAPÉ = Folha do dendê
IFELI = Café
IANGU NJILA = Erva de passarinho
N’GAIM = Berdoeja
UZINDUNGO = Erva de Oxossi

NKISI NZAZI
BUBILO = Parasita
KIMGOMBÔ = Folha do Quiabo
DISU DIEMBÊ = Olho de pombo
KIRIMA = Cajazeira
TOLO = Arueira
OXI = Pinhão de praia
TUBIAXÓ = Coco de Maroto
LUNDO = Coité

NKISI KAVUNGU//NSUMBU
BUTANU = Cinco chagas
N’JILA = Erva de passarinho
DULULU = Fedegoso
BAMBI = Cordão de frade
M’BONGÔ = Alecrim
UZINGAPÉ = Folha do dendê
BAIKI MUNDELE = Mamona branca
ULUKAJI = Tamarindo
MUKAJÓ = Cajueiro
N’GAIM = Berdoeja
MUMUNIÊ = Umbaúba

NKISI ANGORO
MUMANGA = Mangueira
XIKUKUNIRA = Jaqueira
MUXERU = Fruta pão
KINEMAM = Canela de velho
DIRINA SANJI = Língua de galinha
MUKAJÓ = Cajueiro
NGUMBA = Corana.

NKISI NZUMBARANDÁ
MUMANGA = Mangueira
BUTANU = Sete Chagas
NGAIM = Berdoeja
DULULU-ATU = Fedegoso Fêmea
MUXERU = Fruta-pão
ULUKAJI = Tamarindo
MBONGÔ = Alecrim
LUNDO = Coité
MUMUNIÊ = Umbaúba
MUEU-KIANKULU = Balaio de Velha
LUZENZESU-KIANKULU = Canela de Velho
NKASI-MASIKA = Dama da Noite
KISANGA = Lágrimas de Nossa Senhora
NDAKA IA NJENDE = Língua de Vaca
KANDA IA NJENDE = Pata de Vaca

NKISI NVUNJI
MUXI-MINDÉLE = Laranjeira
KIANGU UIKI = Erva doce
DIKANDA MUNDELE = Palma Branca
UILALA = Flor de Maravilha
HÊA = Maracujá
KITARI = Marcela do Campo
KIRIMA = Cajazeira
NKULU SANJI = Capim Pé de Galinha

NKISI KAIANGO//MATAMBA
ITEI = Arnica
KITANDU = Samambaia do Mato
KIBUBILO = Parazita
TUBIAXÓ = Coco de Maroto
RITANGA = Folha da Abóbora
MAKASÁ = Catinga de Mulata
MAKANHA = Negra Mina
JIMBONGO = Fortuna
ILÚMBUA = Manjerona
KINGOMBÔ = Folha do Quiabo
* Também usa-se para essa Divindade, folhas de pitanga e erva de Santa Bárbara.

NKISI NDANDALUNDA//NDANDA
BUDANDÁ = Samambaia de jardim
INSIÊ = Alfavaca de cobra
MAKO DANDÁ = Palma do lago
RIDUMBA = Alfavaca cheirosa
KITARI = Marcela do campo
TAMBUKA-KA = Manjericão miúdo
RISUMBA AVULU = Colônia
KUXIMA = Folha da costa (saião – macaça – oriri)
KIXIRIXIMBA = Erva de Santa Maria
UNKABU-MUTANGI = Brio de estudante
MUKOKOLO = Alcaparreira
KINSANGA = Lágrimas de Nossa Senhora
MUXI-MINDÉLE = Laranjeira
IANGU DIEMBE = Erva Pombinha (Quebra Pedra)

NKISI KUKUÊTO//KAITUMBÁ
KUXIMA = Folha da costa (saião)
ANGÔ = São João
RISUMBA AVULU = Colônia
TAMBUKAKA = Manjericão miúdo
NGEBIA = Folha do Rio
MURUNGU = Neve branca
DILONGA MASANA = Copo de leite
MAJENDE = Hortelã
UANDANDA IA FUTA = Véu de mimo
KAMUKETE = Cavalinha
MAMA PUENA = Mãe boa
JINSEBU KIAKALUNGA = Musgo marinho

NKISI LEMBÁRIANGÁNGA//NLEMBÁ
ANGO = São João
KITULA = Lírio cheiroso
KUXIMA = Folha da costa (saião)
TULULU = Tapete
TAMBUKA = Manjericão
RISUMBA AVULU = Colônia
RIALU = Folha da fortuna
KUAZA = Urtiga branca
MESU UA NZAMBI = Olhos de Deus
AUÓTE OU MUJINHA = Folha de algodão (algodoeiro)
INSIÊ = Alfavaca de cobra

*ALGUMAS FOLHAS USADAS PARA NVUMBI
Bananeira, mamona branca, urtiga branca, bambu, erva de passarinho e amora.

Tuenda dia Nzambi(Maria nenem)


Tuenda dia Nzambi(Maria nenem)


Foto real
Fundadora do unzo tumbenci em salvador,
mae do culto bantu no brasil...



jipangu malunda (rituais)

jipangu malunda (rituais)


 

Muanguna uá kisaba – Rito de separar folhas
Mutue kudia manhinga – Cabeça come sangue
Kudibala koxi kisaba – Rito de caída sob as folhas
Kudia ou Kuria mutue – Comida a cabeça
Kuenda Maianga – Ir para o banho ritual
Kuendenkua uá Maianga – Reza para maianga
Kuhandeka – Rito de iniciação
Kitanda – Ir ao mercado
Kadianga mivu – Primeiro aniversário
Kakuinhi Iéia mivu – Décimo quarto aniversário
Kamakuinhi kadianga mivu – Vigésimo primeiro aniversário
Katatu mivu – Terceiro aniversário
Katula o jindemba - Ritual de tirar os cabelos
Kifundamenu – Rito para proteger a casa de culto e dar de comer ao guardião
Kituminu Pangu dia Mulange – Obrigação e rito do vigilante
Kituminu Ngunza ua muhatu – Obrigação das divindades femininas
Kituminu ia Nkosi – Obrigação de Nkosi
Kituminu Kizomba ia Kitembu – Obrigação e festa de Kitembu
Kituminu Uanda – Obrigação (Nsumbu)
Kufumala - Defumação
Kufunda – Cerimônia fúnebre no cemitério (enterro)
Kuia – Sétimo aniversário
Kukomba Ditokua – Cerimônia de limpeza da casa
Kukuana – Divisão da Comida
Kunda kubanga Mivu – Purificação do ano
Kutambula Nfita – Juramento
Kutambula Ntanda – Obrigação que autoriza os ensinamentos dos oráculos
Kutunda ia Lemba – Saída de Lemba
Kuvumbu Kuala Nkita – Obrigação da Nkita na Mata
Leri – Segredo dos Antigos
Luvanu ia Nvumbi – Carrego do Morto
Maku ia Nvumbi – Tirar a mão do Morto
Mambu Lulombo Ngoloxi – Rezas para Lemba
Ndanka kua Nkosi – Jura de Nkosi
Ntambi/Mukondu/Sirrun – Cerimônia fúnebre
Pangu ni Nvumbi – Rito para alma do morto
Pangu ni Makulu – Rito para os antepassados
Lukombo – Celebração de homenagem aos mortos
Kutâmbula Ntanda – Transmissão dos Direitos aos ensinamentos
Sakulupemba – Sacudimento.

Makuria (nome das comidas)

Makuria (nome das comidas)




Kangika - milho branco cozido com coco
Kidobo -
milho branco cozido temperado com ndende
Mukunga -
milho branco cozido
Masambala -
milho vermelho cozido enfeitado com rodelas de goiaba
Masangu -
pipoca
Fumpa -
milho vermelho, cozido ou torrado, enfeitado com Kamusoso (cipó-chumbo)
Nguba -
amendoim torrado
Kitaba -
amendoim torrado e moido, temperado com mel ou ndende
Makunde -
feijão preto temperado com ndende
Kitande -
guisado de feijão fradinho
Dikende -
massa de feijão fradinho embrulhada na folha de bananeira.
Makanza -
bolo de feijão fradinho, frito
Mukunga -
papa de milho branco ou vermelho embrulhada na folha de bananeira
Kusuangala -
pirão de arroz, temperado com azeite
Loso -
arroz
Muenge -
espiga de milho assada
Mukende -
banana da terra frita no ndende
Kingombo -
quiabo
Dibangulango -
guisado de quiabo (Nzazi)
Kivúdia -
guisado de quiabo (Nvunji)
Ndiba -
mingau de farinha de milho branco
Nguala -
aguardente
Malufo -
vinho
Mazi -
azeite
Menha, maza -
água
Uiki -
mel
Múngua -
sal
Sukidi -
açúcar
Matema -
café
Masana -
leite
Mateca -
banha de carneiro
Mukolo -
alho
Zalata -
alface e chicória
Kindumba -
salsa
Mumata -
tomate
Lúmbua -
cebola
Kupiri -
pimenta da costa
Ndungu -
pimenta
Xutu -
carne
Mbiji -
peixe
Kavula -
couve
Ritanga -
abóbora
Kikua -
batata
Dihonjo -
banana
Kimbambule -
goiaba 


Makuria ia Nkissi (oferenda)

As pessoas perguntam o porque das tradições religiosas Bantu e Nagô sendo diferentes, em relação aos seus povos, cultos, costumes, fundamentos, línguas, vestimentas, Divindades, etc..., porque as comidas e ofertas sagradas seriam iguais??
Digo que com certeza existem diferenças, mas de certa forma também semelhanças!!

As diferenças existem nos nomes dos pratos, nos nomes das comidas e iguarias e nas rezas (jingorosi)..... pois são línguas e costumes diferentes, também é diferente o modo do preparo e os recipientes onde serão colocadas as comidas para a oferta (kibane).
Na cultura dos povos Bantu, diferentemente da cultura Nagô Yorubá não se usa louça, pois a mesma é de origem européia.
A tradição dos nativos Bantu antecede a descoberta da louça e as comidas sagradas (Makuriá Nzambiri), são servidas no barro, em cabaças, madeira ou até mesmo utilizando-se de folhas de mamona branca (baiki mundele) e banana (dihonjo), pois nossos Minkisi são os próprios elementos da natureza, a própria energia que emana da mãe natureza (Mam'etu Utukilo), dispensando assim o uso de quaisquer utensílios que não sejam de origem natural.

Nas questões das semelhanças, além do fato das misturas que existem em muitas casas de Angola com os cultos Nagô Yorubá/Ketu, fazendo assim um cardápio erroneamente único, existem as semelhanças na própria África, que falarei a seguir.

As semelhanças já existiam em África, no plantio de seus alimentos e também nos costumes alimentares, que são bem semelhantes em todo continente africano, talvez assim tenha surgido essa igualdade nas ofertas das comidas aos Deuses e Divindades, pois a mesma mandioca e os mesmos grãos que eram plantados em Benin (hoje Nigéria), também eram plantados em Luanda e Mbanza, os dendezeiros eram abundantes em todo continente e o mel adoçava toda África.

Postarei agora, comidas sagradas (Makuriá Nzambiri) dos Minkisi conforme as tradições dos povos Bantu, sendo uma receita para cada Nkisi.

NKUDIÁ NZAMBIRI IA PAMBU NJILA
(Comida Sagrada de Pambu Njila)
NOME DO PRATO: EBEGU
Prato preparado com fubá de arroz cozido em água e sal até formar uma papa, que depois de cozida será adicionada a uma farofa de azeite de dendê, o produto obtido será juntado às carnes cruas das obrigações realizadas para Pambu Njila, sendo tudo colocado em pratos (malonga) aos pés do assentamento desse Nkisi.

NKUDIÁ NZAMBIRI IA NKOSI
(Comida Sagrada de Nkosi)
NOME DO PRATO: OKELELE
Feijão fradinho pilado ou passado em moenda, temperado com folhas de hortelã, coentro, cebola (lúmbua) ralada e azeite de dendê.
A massa obtida será enrolada em forma de pequenas bolas, colocadas em folhas de bananeira e cozidas em vapor de água.
Serão servidas em vasilhas de barro forradas com folhas de mamona branca (baiki mundele).

NKUDIÁ NZAMBIRI IA MUTAKALOMBO
(Comida Sagrada de Mutakalombo)
NOME DO PRATO: MASAMBALA
Prato preparado com canjiquinha de milho vermelho cozida em água e sal, temperado com coentro, alfavaca e cebola (lúmbua) ralada. Depois de bem cozida, colocar em vasilha de barro forrado com folhas de mamona.
Enfeitar com amendoim torrado (Ngiguba), fatias de goiaba (Kimbambule), coco ralado e cipó barba de velho ou cipó chumbo (kamusoso)

NKUDIÁ NZAMBIRI IA KATENDE
(Comida Sagrada de Katende)
NOME DO PRATO: KIKUA NI KIBABA
Comida feita com milho vermelho cozido ou torrado no azeite de dendê (maji ma ndende), colocado em vasilhame de barro forrado com folhas de mamona, tendo por cima uma batata doce cozida aberta ao meio horizontalmente e ao seu redor fatias de goiaba (Kimbambule) e fumo de rolo (kifuke ia kupunda) desfiado, tudo regado com mel de abelhas.

NKUDIÁ IA NZAMBIRI IA NZAZI
(Comida Sagrada de Nzazi)
NOME DO PRATO: KIBOLO
Prato preparado com quiabos cozidos em rodelas não muito finas, temperado com sal, cebola ralada, folhas de louro e camarões (makosa) secos.
Depois de bem cozidos, pôr em vasilha de madeira e adicionar uma papa feita com farinha de arroz ou farinha de acaçá (mukunga), podendo nesta comida serem misturadas as carnes dos animais que foram utilizados nos rituais para essa Divindade.

NKUDIÁ NZAMBIRI IA KAVUNGU
(Comida Sagrada de Kavungu)
NOME DO PRATO: KUSUANGALA NI DIHONJO....
Prato preparado com pirão de arroz, temperado com folhas de maravilha, louro, mastruço, cebola ralada e sementes de coentro piladas, um pouco de pimenta da costa e azeite de dendê. Colocar em uma vasilha de barro forrada com folhas de mamona, bananas da terra cortadas em rodelas e ligeiramente fritas em óleo branco, depois polvilhar com canela em pó, colocando por cima o pirão anteriormente apurado.

NKUDIÁ NZAMBIRI IA KITEMBU/NTEMBU
(Comida Sagrada de Kitembu)
NOME DO PRATO: DIHANGUA NI KANJERE
Cozinhar uma abóbora vermelha, abri-la por cima e retirar ramas e sementes.
Recheá-la com camarões secos cozidos em água temperada com folhas de louro, hortelã e coentro. Depois refogar em azeite de dendê juntamente com castanhas de caju, amendoim, cebola batida e um pouco de vinho tinto.
Servir em vasilha de barro, forrada com folhas de mamona branca e cipó chumbo.

NKUDIÁ NZAMBIRI IA ANGORO
(Comida Sagrada de Angoro)
NOME DO PRATO: MBONZO
Cozinhar batatas doce em rodelas não muito finas, temperando durante o cozimento com canela em casca, cravos e uma pitada de pimenta da costa em pó e pó de aridan.
Escorrer e seca-las bem, depois fritar as rodelas de batatas doce em azeite de dendê e servi-las em travessa de barro ou em uma cabaça cortada ao meio, forrada com folhas de mamona branca ou guaco, podendo acrescentar ainda um pouco de melado de cana.

NKUDIÁ NZAMBIRI IA NZUMBARANDÁ
(Comida Sagrada de Nzumbarandá)
NOME DO PRATO: DOVRÓ
Prato feito com feijão fradinho cozido em água e sal, temperado com folhas de salsa e funcho. Depois retirar as peles dos feijões, os mesmos serão refogados com azeite de dendê e camarões, acrescenta-se carne cozida de peixe de água doce.
São colocadas pequenas porções em folhas de taioba que depois serão recozidas em banho Maria.
Colocar em vasilha de barro forrada com folhas de taioba.

NKUDIÁ NZAMBIRI IA NVUNJI
(Comida Sagrada de Nvunji)
NOME DO PRATO: KIVÚDIA
Prato feito com quiabos cortados ao longo em cruz, refogados com azeite de dendê, cebola, folhas de mostarda, camarões, água e sal. Depois de quase pronto, acrescenta-se amendoim e castanha de caju.
Servir em vasilha de barro forrada com folhas de laranjeira (muxi-mindéle).

NKUDIÁ NZAMBIRI IA KAIANGO/MATAMBA
(Comida Sagrada de Kaiango/Matamba)
NOME DO PRATO: MAKANZÁ
Bolo feito com massa de feijão fradinho, cebola (lúmbua), farinha de camarão (kazeia makosa), sendo acrescentados camarões secos fritos no azeite de dendê (maji ndende) bem quente.
Depois de esfriar servir em vasilha de barro forrado com folha de banana.

NKUDIÁ NZAMBIRI IA NDANDALUNDA/NDANDA
(Comida Sagrada de Ndandalunda/Ndanda)
NOME DO PRATO: DIKENDE
Massa de feijão fradinho temperada com ervas aromáticas, cebola ralada, camarões secos e gengibre ralado.
Enrolar em folhas de bananeira e cozinhar ao vapor da água.
Servir em uma cabaça cortada ao meio e forrada com erva de Santa Maria (kixiriximba)

NKUDIÁ NZAMBIRI IA KUKUETO
(Comida Sagrada de Kukueto)
NOME DO PRATO: KUBALUMUKA KAITUMBA
Prato com arroz cozido com cebola e camarões, temperado com azeite de dendê e coentro, tendo por cima uma tainha frita no azeite de dendê ou simplesmente cozida.
Servir em prato de barro forrado com folhas de colônia ( kididi kiá utunge).

NKUDIÁ NZAMBIRI IA LEMBÁRIANGÁNGA/NLEMBÁ
(Comida Sagrada de Lembáriangánga/Nlembá)
NOME DO PRATO: MATETE
Prato feito com milho branco bem cozido em um chá forte de erva doce e canela em casca com leite de coco e açúcar, mexendo-se bem até formar uma massa consistente.
Enfeitar com coco ralado e servir em uma cabaça cortada ao meio forrada com folhas do algodoeiro (mujinha).